"Eu não fiz nada a ela!" O som da voz de Louise reverberou em toda a casa do bando enquanto ela seguia Benjamin escada acima, lágrimas manchando seu rosto delicado.

Ela sabia que Benjamin, no mínimo, não gostava dela, mas tinham sido casados por três anos. Três anos inteiros!

Ele ainda não confiava nela.

Como ele poderia dizer que ela era capaz de assassinato quando ela não havia feito nada a ninguém nos últimos três anos que ela viveu na casa do bando como a sua Luna?

Ela tinha feito tudo que sabia que uma boa Luna e boa nora deveriam fazer, se certificando que tudo e todos estavam felizes. Mas ainda assim ele sentia que ela não tinha feito o suficiente e nem podia confiar nela.

Se ela realmente tinha segundas intenções, ela teria diretamente matado todos no Bando do Lago Sangrento com apenas algumas Wolfbanes aqui e ali em sua comida, já que ela era a cozinheira da casa.

Mas ao invés disso, Benjamin escolheu acreditar naquela vadia que tinha acabado de chegar há dois dias.

"Você era a única parada perto da escada!" A voz de Benjamin ribombou em raiva.

Como uma mulher pode ser tão sem-vergonha?

Ela era a única parada na escada no momento da queda, como ela ainda pode negar o fato dela ser responsável pela queda de Chloé!

Louise deu a Benjamin um olhar confuso, "Benjamin, eu não fiz nada! Chloé se jogou escada abaixo para me incriminar!” Ela se defendeu ansiosamente.

Aquela menina Chloé era maldosa, extremamente maldosa. Até mesmo com ela mesma.

Ela e Chloé estavam paradas perto da escada antes, discutindo a questão de Chloé ser o primeiro amor de Benjamin e Louise ser o obstáculo.

Então, de repente, Chloé avistou Benjamin se aproximando e imediatamente agarrou Louise, dizendo que Louise deveria perdoá-la.

No começo, Louise estava muito surpresa. Mas quando viu Benjamin se aproximando, ela imediatamente entendeu a motivação da vadia.

Mas ela já estava muito atrasada, pois naquele momento, Chloé já tinha se jogado escada abaixo.

“Você consegue sequer se ouvir?!" Benjamin rosnou e se virou para olhar para ela. Ele deu dois passos em sua direção e a prensou contra a grade.

A posição em que ele a tinha era tão perigosa que, se ela perdesse um passo, cairia diretamente para sua morte.

Louise engoliu em seco enquanto olhava nos olhos negros de Benjamin. Olhos esses que pareciam um poço escuro e sem fim. Os mesmo pelos quais ela se apaixonou no primeiro dia em que o conheceu, três anos atrás.

Aqueles olhos que sempre expressavam um profundo ressentimento por ela.

Eles pareciam muito assassinos agora. O mesmo par de olhos negros parecia que iria esfaqueá-la um milhão de vezes se ela não mantivesse a boca fechada.

“Louise…” Benjamin suspirou, usando o nome dela pela primeira vez em três anos, além do dia da cerimônia de união deles.

"Eu nunca soube que você poderia ser uma mentirosa tão nojentamente! Eu vi você naquele dia, suas duas mãos..” ele agarrou as mãos dela, “estas mãos! Eram as mesmas que eu vi estendidas em direção a Chloé, como se para empurrá-la! Agora você me diz que não fez nada e que ela se jogou escada abaixo por conta própria?!”

Benjamin sentiu a vontade de rir alto da descaramento dessa mulher.

Ela não era apenas uma interesseira e uma mulher sem vergonha, mas também uma mentirosa desgraçada.

As lágrimas de Louise caíam incontrolavelmente dos seus olhos enquanto ela sentia a mão de Benjamin apertar seu pulso.

Doeu tanto, mas ela nem conseguia expressar a dor.

Desde o primeiro dia em que entrou nesta casa do pack, ela nunca havia experimentado a felicidade ou o que é parecia ser casada.

Ela esperava que um casamento de amor unilateral fosse uma tarefa simples de lidar.

Ela achou que seria fácil de consertar.

Ela havia falado com seu pai no dia seguinte ao acasalamento e ele disse que um homem que não a amava, nunca iria amá-la.

Mas ela ignorou isso e disse a ele que poderia lidar com tudo isso. Sem saber que estava enganando a si mesma.

Seu pai, o Alfa Georges, havia lhe dado três anos. Três anos para consertar seu casamento e fazer o marido se apaixonar por ela, ou ela teria que retornar ao bando e assumir como a próxima líder do bando.

Ninguém no bando do Lago Sangrento sabia sobre sua identidade como única filha do Alfa Georges.

Ela havia escondido sua identidade de todos, para que pudesse viver como uma lobisomem normal sem ter tantos puxa-sacos.

Mas agora, Os três anos dados a ela por Alfa Georges se passaram.

“Se você quer que eu te perdoe e te dê uma segunda chance, então você tem que ir e pedir desculpas para a Chloé. Diga a ela para te perdoar, ou não o farei” Benjamin disse e soltou sua mão. Ele se virou e começou a caminhar em direção à porta do quarto deles.

Ele parou de repente de novo, e sem se virar, disse a ela: “Prepare-se para um divórcio se ela não te perdoar”

Louise rangeu os dentes de raiva enquanto o via desaparecer no quarto.

Ela, a filha do Alfa Georges do Bando da Faixa de Cinzas. Pedir desculpas a essa baixa ladra de maridos?

Nunca!

Ela apertou o punho enquanto encarava a porta pela qual Benjamin desapareceu.

“Eu preferiria sair do que me desculpar com essa pessoa sem valor” ela declarou firmemente e sua loba, Inaya, ronronou em resposta às suas palavras.

Louise enxugou as lágrimas, ela não ia chorar por um casamento já falido.

Se ao menos tivesse ouvido seu pai da primeira vez que ele disse que ela sempre poderia rejeitar Benjamin, isso não teria acontecido.

Ela não teria estado em uma situação tão traumatizante.

Ninguém a gostava na casa do bando, exceto os anciões do bando.

A mãe e a irmã de Benjamin nunca foram boas para ela desde o início.

Elas transformaram a estadia dela na casa do bando em um inferno vivo.

Certificando-se de que ela fizesse o trabalho das empregadas em vez disso.

Ela cozinhava, limpava e lavava. Algo que uma Luna nunca deveria ser vista fazendo.

Ela fez tudo isso sem qualquer reclamação. Mas depois de tudo, todos eles apoiaram Chloé e a deixaram enfrentar a culpa por algo que ela nem mesmo fez.

Louise estava farta desta vez. Ela não aguentava mais viver em um casamento sem amor.

O marido a via como uma caçadora de fortunas, enquanto os outros a viam como uma pobre e ignorante órfã caçadora de fortunas.

Ela deixou que todos a chamassem do que quisessem nestes últimos três anos.

Mas hoje marcou o fim de tudo isso.

Ela estava farta de todas essas provocações.

Era hora de ouvir seu pai.

Ela deixaria o Lago Sangrento e voltaria para a Banda das Cinzas para cumprir seu destino.